O vocábulo “monumento” deriva da palavra latina “monumèntum”, que contém, por sua vez, a raiz de dois verbos: manère (permanecer) e monère (ensinar). É interessante observar que, dessas duas formas verbais do latim, podemos verificar a evolução de outros termos. Por exemplo, do verbo manere, do latim, produziu-se o verbo “rimanere” em italiano, que significa exatamente “permanecer”. Do verbo monere, gerou-se palavras como “monastério” que era um lugar de aprendizagem. Assim, ao juntarmos esses dois conceitos, temos que um monumento é algo feito para permanecer no tempo e que transmite informações, ou seja, ensina. O ato de construir monumentos significa, portanto, transmitir voluntariamente aos nossos sucessores um testemunho do presente, efetuando, desta forma, a primeira ação histórica. Monumentos, por tanto, no sentido original da palavra não são apenas construções grandiosas como estátuas, obeliscos, esculturas, templos etc. Qualquer objeto que tenha como intuito permanecer no tempo e ensinar é considerado pelos historiadores como um monumento. De fato, um dos principais elementos que separam o que definimos como história e pré história é exatamente o ato intencional de registrar fatos que estão acontecendo no presente com o intuito específico de que essas informações ultrapassem a vida daqueles que as registraram. As pinturas que foram descobertas em cavernas, também conhecidas como pinturas rupestres, fazem parte da pré história uma vez que nelas não é possível identificar esse intuito de transmissão de informações para o futuro, embora, a partir delas, possamos entender muito sobre como viviam os hominídeos que as produziram. Há que se considerar, no entanto, que por mais que possamos absorver muitas informações advindas de pinturas rupestres, a qualidade e a quantidade dessas informações nem se compara quando comparadas ao que podemos absorver advindo de elementos que de fato foram construídos com a intenção de transmitir informações. As primeiras civilizações denominadas “monumentais” adquiriram esse adjetivo por terem sido as primeiras nas quais pode-se identificar elementos que tinham isso como função. A História, portanto, separa-se da pré história no momento em que se começa a enviar estes testemunhos voluntários da própria civilização às gerações futuras. Apesar de termos em nossas mentes a imagem de monumentos grandiosos, grandes construções ou suntuosas estátuas, a invenção que melhor cumpre a função de ensinar e permanecer no tempo, é algo muito mais próximo do nosso dia a dia: a escrita. Quando falamos de “civilizações monumentais”, na realidade, não estamos falando das construções que essas sociedades ergueram, mas sim do fato dessas civilizações terem inventado as primeiras formas conhecidas de escrita. Inicialmente, a escrita era usada para registros simples como quantidades de animais ou de frutos de uma colheita, mas também de inscrições funerárias. Rapidamente, porém, essa nova tecnologia desenvolveu-se tornando-se um dos motores mais importantes para a evolução das sociedades como as conhecemos hoje.